Maratonei: Desventuras em Série – 1ª Temporada


Oi galera! Desventuras em Série (2017), da Netflix, estreou ontem e os fãs puderam acompanhar novamente (ou pela primeira vez) essa soturna e hilária trajetória de três crianças bem azaradas. O clima é bem próximo ao apresentado no filme de 2004, o design de produção de Bo Welch espelha o confeccionado por Rick Heinrichs, minimamente detalhado, sem dever nada. A minúcia com a produção é um item no qual podemos sempre esperar primor do colosso do audiovisual.

O roteiro reconta a história apresentada no filme (não tinha como fugir muito disso), seguindo à risca e trazendo poucas novidades. O mote é realmente criar um novo público, levando em conta o fato da pouca ressonância da obra cinematográfica. Tudo é muito parecido, até mesmo a escolha da atriz Malina Weissman para o papel de Violet, cuja forma do rosto é muito semelhante à de Browning. Patrick Warburton se faz um Lemony Snicket mais presente, recortando a narrativa com suas aparições e comentários direto para a câmera, ao contrário da silhueta de Law.

Estou curiosa, contudo, para ver como será a recepção de certas situações envolvendo as crianças e que, como um não iniciado nos livros, me deixou questionando se não era melhor adaptá-las de outra forma para a TV (as que envolvem certa violência e, em especial, toda a trama da peça teatral no segundo capítulo). Mas Desventuras em Série tem um quê sombrio que funciona na maior parte do tempo devido às características acima mencionadas de seu design de produção, que volta e meia reforça que aquilo não é real.


Mas o verdadeiro chamariz da série, e o que todos querem saber, é atuação de Neil Patrick Harris como o caricato, canastrão e, de forma geral, over the top Conde Olaf.  A maquiagem à primeira vista parece um pouco estranha, já que no filme as feições de Carrey são mais aproveitadas para moldar a face de Olaf. Na série, talvez trazendo para o lado do grotesco, Harris parece mais “enterrado” e irreconhecível em sua caracterização. Harris é um ator performático, especializado em danças e espetáculos musicais, o que ele traz para a produção. 

A narrativa é intrincada e cheia de vai-e-véns, interseções, interrupções e excelentes jogos de palavras com um rebuscado vocabulário. O ponto alto, contudo, é a sua patente metalinguagem, que diverte à todo tempo e que não poupa chicoteadas ao próprio meio em que é exibida: “O teatro é algo muito mais nobre que, digamos… a televisão por streaming” (diz Conde Olaf em determinado momento), mostrando que o show jamais se leva à sério.

Trazendo boas reviravoltas, interpretações inspiradas de todo o elenco (Joan Cusack brilha também)  e dois castings absolutamente fenomenais pelo que representa fora das telas (e o qual evitarei comentar para não estragar a surpresa), Desventuras em Série é garantia de diversão de qualidade para pequenos e grandinhos nessas férias e mais um belo acerto da Netflix.

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