Crítica: American Horror Story - Cult

American Horror Story: Cult se passa nos subúrbios contemporâneos da cidade de Detroit com Sarah Paulson interpretando uma nova iorquina traumatizada pelos ataques de 11 de Setembro. Ela tem três fobias: Tripofobia, ansiedade por objetos ou formas que tenham pequenos buracos ou cavidades; Coulrofobia, medo irracional de palhaços; e Hemofobia, medo irracional de sangue. Nos anos seguintes à tragédia de 11 de Setembro, ela aprendeu a controlar seus medos graças a sua esposa, interpretada por Alison Pill. Contudo, a vitória de Donald Trump nas eleições está fazendo as fobias ficarem sérias novamente. Se a personagem de Sarah é ameaçada por palhaços sinistros, ao estilo de Laranja Mecânica, sua esposa pensa que ela teve um ataque psicótico. A falta de apoio faz com que a personagem de Sarah Paulson tome atitudes drásticas para proteger sua família.

Potencial. Essa é a palavra que definia a 7ª temporada de American Horror Story antes de sair conforme os teasers, fotos e enredos – sentimento completamente oposto ao do sexto ano – que acabou surpreendendo e sendo a melhor temporada deste as duas primeiras. Uma temporada que seria focada nos eventos pós-eleição de Trump, sejam eles fictícios ou não, no medo e suas consequências, mostraria uma sociedade confusa e doentia – que busca em cultos e falsos líderes – o caminho da redenção.

A questão é que AHS sempre foi uma série vintage. Muito mais focado no horror do título do que no terror, a série se tornou mainstream com o tempo e foi atraindo mais fãs a partir de Coven (uma boa temporada), mas que não chega aos pés do ar tenebroso dos 2 primeiros anos. Tirando o saudosismo de lado, a questão é que após isso, a série começou a se perder. Bryan Murphy e Brad Falchuk começam com exageros neste 7º ano, e as reações à eleição de Trump são hilárias, mas ao mesmo tempo uma crítica aos extremos.

Aqueles que consideravam que a temporada seria um completo “mimimi” pró-Hillary se enganaram, já que Ryan e Brad não poupam esforços para mostrar o dois lados. A figura do medo que assola os americanos, principalmente com os inúmeros ataques, é bem empregada inicialmente e é possível ver AHS ali.


O problema é que nesta temporada não é possível se identificar com nenhum personagem. {foto} A história gira em torno de Ally (Sarah Paulson) que é casada com Ivy (Alison Pill) e juntas criam Ozzy (Cooper Dodson) seu filho. Eleitoras de Hillary e donas de um restaurante, ambas só querem paz e viver bem numa sociedade majoritariamente preconceituosa, até que Kai Anderson (Evan Peters) surge em suas vidas. Ele deseja se tornar um político respeitado, utilizando subterfúgios através do medo e se tornado o líder de um culto. Através de flashbacks que percorrem toda a temporada (com exceção do ep. 09 dirigido por Angela Bassett), sabemos mais sobre as vidas de Kai, Ally e companhia e sobre os cultos que serviram de base para este novo. A ausência de elementos sobrenaturais é uma vantagem e deixa esta temporada muito mais crível. O foco no medo já citado, é uma grande vantagem deste ano, e dura toda a metade inicial da temporada. 


O episódio 6 (o melhor da temporada) é um exemplo disso. O capítulo aborda um tiroteio em meio a um comício, e a nossa mente se teletransporta para atentados recentes, inclusive o de Las Vegas. Mas como já disse, só isso não basta para segurar toda uma temporada que não tem personagens cativantes. Praticamente todos repetem papéis de outrora, e Evan Peters que faz vários neste ano é o mais afetado. A única a brilhar em tela é Adina Porter. Introduzida na série no ano 6, ela continua dando um show e sua Beverly Hope sem dúvida é minha personagem favorita. 

A impressão que fica é que os showrunners não sabiam o que fazer com a série e foram escrevendo e editando ao longo dos capítulos sem nenhum planejamento. Ryan Murphy envolvendo em trocentas séries – precisa ter mais foco – algo que essa temporada passou longe de apresentar. Apesar de boas direções com a presença de Jennifer Lynch, além da maravilhosa Angela Bassett, o roteiro tem que apresentar uma história coesa e identificável, mostrando o que é necessário e não ocultando fatos importantes em detrimento de outros que ninguém quer saber.

Beijos, JR.

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