O filme do aclamado diretor
Darren Aronofsky (do mesmo diretor de Noé) Mãe! (Mother!), foi recebido com vaias e aplausos no Festival de
Veneza, o longa é descrito como um terror psicológico no qual a vida de um
casal (interpretado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem) é abalada quando
dois estranhos (vividos por Ed Harris e Michelle Pfeiffer) batem à sua porta em
busca de abrigo. Um filme grandioso que muita gente não soube apreciar da forma
correta, mas na minha, não tem nada de terror psicológico.
Cheio de metáforas e simbolismos,
o filme promete confundir a cabeça de muitos que assistem. Cada um terá uma
visão diferente sobre a mensagem que o filme passou, talvez sobre uma figura feminina, sobre o homem
sempre querer uma mulher mais jovem, sobre a fama e sobre os medos da gravidez.
Mas definitivamente, posso te dizer que todos
serão tocados pela história – pelo bem ou pelo mal.
Posso estar viajando eu sei, mas
com certeza esse filme foi é totalmente pautado na Bíblia, e porque te digo
isso apesar de Aronofsky ser ATEU! em seu último filme, Noé (2014), ele
trabalhou com a religião como tema, gerando controvérsia ao adaptar a história
bíblica sob uma nova visão. Assim como neste filme, Noé mostrava o Criador como
um caráter impiedoso. Eu vou te explicar detalhadamente sobre isso e já digo te
antemão que quem não assistiu, assista
primeiro, pois contem spoilers!
"O poeta" papel feito
por Javier Bardem, é Deus. O Criador. Ele é o responsável pelo início de tudo
no filme. Logo no começo, vemos ele segurando um cristal e colocá-lo em um lugar
sagrado. Á partir daquele momento, tudo começa a ter vida.
Jennifer Lawrence,
que é a Mãe! é criada nesse momento. Ela é o lar, a casa, o Planeta Terra. Ela
é quem quer criar um paraíso. Sim, ela é a metáfora mais forte do filme.
O primeiro convidado a “entrar” na casa é o
personagem de Ed Harris: Adão. Porém, é um homem doente e em uma das cenas
aparece vomitando com um corte exposto em sua costela (Sabe o que isso
significa?? A Costela de Adão. Ela foi arrancada dele por Deus para criar Eva,
segundo a Bíblia).
Pouco depois, Eva, sua esposa, bate na porta e invade a
casa, mexendo em tudo e provocando a mãe natureza. Não demora para ela
destruir, sem querer, o “fruto proibido”, gerando a ira de Deus que os bane de
seu escritório (seu paraíso) para sempre.
Entendendo isso, abre-se espaço
para ainda mais interpretações do trabalho de Aronofsky, que vão desde a
relação da sociedade com a mulher até sua visão de Deus.
Mãe! também fala sobre como a mulher é
oprimida. Jennifer Lawrence interpreta uma pessoa quieta, reprimida, que mal
consegue se expressar e é totalmente dependente do marido.
Logo depois, eles retornam com
seus dois filhos. Sabe quem são: Caim e Abel. Nem preciso contar que um irmão
mata o outro, tanto na Bíblia quanto no filme, né??
E o pó amarelo que Lawrence toma no banheiro
todos os dias? Aronofsky disse que levaria a resposta pra sua cova. Mas, após pensar muito sobre o filme, eu cheguei à conclusão que o pó
amarelo pode significar o sol. É a única energia que a Terra precisa para
sobreviver.
E ai TCHANAMMMMM vem a melhor
cena! A cena da pia, que significa o grande dilúvio.
Quando a personagem de Jennifer
Lawrence engravida, a paz volta a reinar na casa. Até que os “convidados”
voltam a aparecer. Eles cultuam a Deus e querem conhecer o bebê. O bebe é o
Messias, o filho sacrificado. Jesus. A criança é morta em uma das cenas mais
chocantes do filme, chorei demais.
"O Poeta - Javier
Bardem" é retratado no filme como uma figura vaidosa, que preza ser
idolatrado pelos “convidados”. Deus, por
sua vez, é misericordioso com a humanidade, mas não por amor a ela e, sim, por
ser uma pessoa completamente egocêntrica. Ele precisa ser amado, precisa ser
adorado e, por isso, perdoa a humanidade por destruir sua casa, por acabar com
a mãe natureza e até de ter assassinado seu filho. Esse não é um Deus de
piedade e, sim, um garoto mimado.
Quando ela, a mãe Terra, incendeia a casa,
podemos encarar como o Apocalipse. Estamos tomando todos os recursos da Mãe Terra,
e não damos nada em troca. Matamos seus filhos (com assassinatos, roubos,
corrupção), comemos seus frutos, ou seja, somos convidados indesejáveis. E ela
está começando a mostrar sua fúria. Deus
precisa de seu amor para recomeçar tudo de novo, mostrando que é um ciclo
eterno. A humanidade vai acabar, e será recriada. De novo, de novo, de novo.
Mãe! é um filme sufocante que
abre espaço para diversas interpretações. Além do tema bíblico, Mãe! também
trata de outros temas como as relações abusivas, a opressão feminina, o
narcisismo, o culto à personalidade e a fama; a descontextualização de
mensagens políticas e a feminilidade.
Aronofsky investiu bastante na criação de
uma obra que possui diversas camadas de entendimento, fica o convite a você também
encontrar a sua teoria.
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