Resenha - Proibido Tabitha Suzuma


Que livro! Que livro! Começo minha resenha assim, não sei explicar como estou depois dessa história fantástica. Um misto de tristeza, com dor, com sensação de solidão. Me coloquei a todo momento no lugar de Maya, Willa, Tiffy e até mesmo de Kit . Um livro tão delicado de comentar, um tema que não é muito falado.


O livro conta a história de dois irmãos que se apaixonaram. Eu sei, todo mundo espera encontrar algo perturbador e errado, mas é um livro intenso, forte e que me fez questionar muita coisa, muita coisa mesmo! Acreditem em mim, toda vez que eu penso nessa história mais e mais questionamentos surgem na minha cabeça.

Proibido é de fato um livro perturbador, mas de uma maneira muito, mas muito diferente daquela que cheguei a imaginar lendo as resenhas na internet. Vou falar um pouquinho sobre o livro: Lochan tem dezessete anos, quase dezoito, e tem mais quatro irmãos; Maya que é treze meses mais nova, Kit que tem treze anos e os dois pequenos, o Tiffin e a Willa. Quando Lochan tinha doze anos seu pai abandonou a família e se mudou do país, aos poucos perdendo qualquer contato com os filhos. Os cinco ficaram com a mãe que sempre deixou bem claro que nunca quis ter nenhum deles, ela vive bêbada, saindo com o novo namorado e evita ao máximo ter que dar dinheiro para os filhos.

Desde do momento em que seu pai foi embora, Lochan e Maya tiveram que assumir o controle de tudo, principalmente do cuidado dos irmãos. São sempre os dois que os alimentam, que os divertem, que os ajudam com as lições de casa e os colocam na cama. Eles lutam, juntos, para manter a casa funcionando, os irmãos saudáveis e felizes e impedir que o conselho tutelar descubra a situação em que vivem. E fazem tudo isso ao mesmo tempo que se dedicam completamente aos estudos, a única coisa que pode garantir um futuro melhor para a família. Lochan vive com a pressão de ser o homem da casa, mesmo com a enorme ajuda de Maya, ele é o "líder" da família e tem que arcar com todas as responsabilidades. Mas, além disso, ele também sofre com o seu pânico de se relacionar com as pessoas. Lochan não consegue se comunicar com ninguém que não seja as pessoas da sua família, o que faz dele um pessoa muito solitária e depressiva.

Maya é a sua única e melhor amiga, a única pessoa da sua idade com quem ele pode falar e ser ele mesmo, ela é o seu suporte. Maya é descontraída, comunicativa e está sempre rodeada de pessoas, mas essa é apenas uma fachada, uma maneira de esconder tudo que sente quando está fora de casa. Ela também carrega o fardo de criar seus irmãos e de impedir que a sua família se desfaça. Ela faz de tudo para que Lochan não desmorone sob tanta pressão. Ele é seu porto seguro, seu melhor amigo, uma parte importante dela. E mesmo sendo errado, mesmo os dois sabendo o quão absolutamente errado isso é, eles acabam se apaixonando.

Vamos lá, não me entendam errado, eu não terminei esse livro achando que o incesto é algo aceitável. Na quase maioria absoluta das vezes eu ainda vejo isso como algo doentio, não natural, perturbador e completamente errado. Mas ao terminar o livro, senti um vazio, como se eu tivesse realmente julgando alguma coisa que não deveria ser completamente julgada dessa maneira sabe?

Nada é tão preto no branco como queremos acreditar e que tudo depende das circunstâncias, de todos os fatores que abriram caminho para aquele sentimento nascer. Pode parecer absurdo - pode acreditar, eu sei -, mas eu entendi o amor desses personagens, eu senti esse amor, e NOSSA COMO EU TORCI para que eles conseguissem ser felizes no final, mesmo sabendo que a situação era... Bizarra.

E que, imaginar em um outro contexto, me daria nojo. Mas, naquela história, com Locham e Maya, eu queria que desse certo. Mesmo sendo incesto, e sendo crime no UK (o que me levou a uma pesquisa, e descobri que - vejam só - não é crime aqui no Brasil, se os envolvidos forem maiores de idade. E for consensual. Apesar de, é claro, temos toda a questão cultural, o julgamento social, e etc...). Mas para isso ser possível, para você conseguir aceitar e apoiar tal coisa, foi preciso entrar na cabeça desses personagens e entender todas as motivações, tudo que culminou nesse sentimento, veja bem, quando eles eram pequenos eles eram inseparáveis, um sempre estava junto do outro e um sempre protegia um outro. Até aí tudo bem, mas então o pai deles foi embora e ambos tiveram que virar adultos muito rápido, quando eram crianças.

O Lochan é uma pessoa extremamente sensível. Ele tem esse pânico que ele não consegue controlar, que faz ele se sentir errado, doente e culpado por envergonhar seus irmãos. Além disso ele tem esse peso enorme que carrega e que é ainda maior porque ele faz questão de por todas as responsabilidades nas suas costas. E tem, também, esse amor imensurável pela família, ele está disposto a sacrificar tudo - tudo - por eles. Já a Maya tem os mesmos pesos, as mesmas preocupações e, principalmente, tem Lochan como seu farol. Ela se guia por ele, suporta tudo por ter ele ao seu lado, ela nunca soube o que é viver sem a proteção e o cuidado dele. Ela tem esse amor gigantesco pelo Lochan, essa dedicação incansável, que nunca foi algo característico de um simples amor de família. Na minha opinião, não foi nem um pouco fácil para eles dois aceitarem o fato de que estariam se apaixonando, porque em alguns trechos do livro eles tentam negar isso, tentam fugir disso, mas simplesmente não conseguem. Eles sentem nojo de si mesmos, se odeiam por estarem sentindo esse amor e essa atração e eles sabem, sabem muito bem, que isso é errado e imoral. Em um momento a Maya tenta imaginar se poderia se sentir assim sobre Kit também, mas a única coisa que vem em sua cabeça é terror e repulsa, a reação normal que ela deveria ter com Lochan.

Isso evidencia que a autora quis mostrar muito que aquilo não estava acontecendo porque eles possuem alguma disfunção, mas sim por outros motivos muito mais sentimentais e naturais. Proibido é um livro dramático, forte, difícil de digerir. Todas as cenas são repletas de intensidade. As cenas de desespero do Lochan por ser quem é, as cenas em que as crianças são ignoradas e, de certa forma, maltratadas pela mãe e as cenas onde a Maya e o Lochan odeiam eles mesmos e sentem nojo de si mesmos por sentirem o que estão sentindo. Existe tanta dor nisso tudo que de repente eu me vi chorando, sem nenhum motivo específico, simplesmente porque era tudo demais. Não esperem algo reconfortante, algo remotamente parecido com um contemporâneo normal, porque vocês não vão encontrar.

É um livro perturbador pela maneira como mexe com tudo o que você acredita e mexe muito, muito com os seus sentimentos. Esse livro me mudou em algumas coisas, me fez encarar situações que a lógica não explicaria, mas Tabitha Suzuma nunca disse que o incesto é certo, ela apenas mostrou que nada é tão simples quanto o parece, ainda mais quando, como eu já disse, estamos falando sobre sentimentos. Ela mostrou que você nunca pode julgar ninguém. Nunca. Por mais que você acredite que não existem explicações que justifiquem. Ela mostrou que o amor nunca deveria ser proibido ou condenado, não quando ele é real e verdadeiro. E eu realmente acredito que todo mundo deveria dar uma chance.
É lógico que eu amei o livro. É lógico que ele foi um cinco estrelas, e entrou para a lista de favoritos do ano ♥ . Nem por um minuto eu tive dúvidas quanto a isto. Mas eu sei que ele é um livro, por si só, triste. São raros os momentos em que a autora brinda os seus personagens (e seus leitores) com momentos de sol e alegria.

Se você quer ler "Proibido", tudo o que eu posso dizer é: Esteja preparado. O romance vai partir o seu coração, perfurá-lo e deixá-lo letárgico, e impotente. E, mesmo assim, você vai aplaudir de pé!!

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Beijos, JR.

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